Ele apertava-lhe a mão com tanta força, tanta.
Choravam por dentro, não porque tivessem vergonha, não porque temessem que os olhassem. Até o tempo que sempre passava a correr, parara.
Queria-o ali, com ela. Queriam-se juntos.
Quando chamaram pelo seu nome, levantaram-se, ele primeiro.
E a mão, a mão que a apertava tanto, tanto!
Despiu-a, no vestíbulo. Devagar, assim, tal como ele sabia que ela gostava. E beijava-a muito e falava baixo, tocando-lhe o seio, afagando-o com todo o cuidado.
Era incapaz de o olhar por fora. Só por dentro, suplicando que ele lhe dissesse que estava ali, que não ia embora. Riam e o riso a cair-lhes no medo imenso que sentiam.
Queria sentir a dor da mão dele na dela com tanta força, tanta, e, não a outra dor.
E o tempo insistia em ficar quieto, tão quieto como os olhos daqueles outros que iam olhando o monitor, que falavam, que lhe mexiam no seio, o apertavam.
Quando ouviram que poderia ficar sossegada, que não havia nada a temer, que se esquecesse daquele dia, só quis a mão dele, aquela mão que apertava agora ainda mais a sua, tanto, tanto.
Ele levou-a para o vestíbulo e devagar, assim, tal como só ele sabia que ela gostava, vestiu-a.
Não a deixava que o olhasse por dentro. Não a deixava ver o quanto ele temera, como o seu coração batia, o quanto corria, o quanto chorava. E beijava-a muito e falava baixo, tocando-lhe o seio, afagando-o com todo o cuidado.
Foi então que ela o olhou, inteiro! Não se disseram nada senão um abraço apertado, tão mais apertado, que aquela mão, a dele, que apertara a sua, tanto, tanto…
E o tempo, já pronto para iniciar uma nova corrida, sentindo a força de tal abraço, ali, naquele vestíbulo, não hesitou. Deitou-se no carinho de duas mãos apertadas…e adormeceu.