Quarta-feira, 22 de Julho de 2009

 

 

 

 

Fotografia de ©Yuka Shevchenko

 

 

 

Comprazemo-nos
trajando adolescências,
abafando o som dos risos,
quando nos espreitamos à socapa,
pela cortina que afastamos
na janela dos nossos dedos.
 
Deleitosa esta espécie de olhar de garotos,
nesta ciranda em que dançamos,
visualizando-nos tão bem,
que nos tocamos.
Fundamental saber o que amamos tanto
com as mãos do imaginário,
com os olhos rasos de mil pedaços,
nesta imagem de estarmos juntos.
Relevante que nos emocionemos
ao experimentar com análoga intensidade
desenlear do tempo comum,
o tempo só nosso.
Singular a carência de cruzarmos silêncios,
de não nos deixarmos concluir,
numa interrupção atabalhoada
própria do desejo de nos mantermos conspirados.
 
Temos ainda tanto para trocar entre nós.
Temos um mundo próprio,
esta paisagem pré concebida,
grafitada num muro de uma avenida qualquer,
só pelo prazer de nos vermos
quando por ela nos circulamos.

Importa o resto?
Claro que não!
Importa que continuemos a compartir silêncios ilimitados.
Enquanto continuarmos nesta permuta
Importam-nos sim,
as frases,
imagens nossas que prendemos na lapela,
condecorações deste bem-estar que cogitámos:
Falta um infinito imenso!
Falta o inimaginável para que nos dissipemos!

 



publicado por Cris às 00:33 | link do post | comentar | ver comentários (11) | favorito

Segunda-feira, 13 de Julho de 2009

 

 

"Amor, cuántos caminos hasta llegar a un beso,

qué soledad errante hasta tu compañía!"

 

Pablo Neruda

 

 

 

 

 

Os olhos choraram
Enchendo o rio
Mas as mãos,
Moldaram-se num tálamo
De alguma água
Daquele que como um trilho,

Continuava correndo,

Buscando o mar…

Os olhos já não choram,
Mas as mãos?

Ah, como os olham agora,

Como que guardando
O esboço de um sorriso,
Espécie de peixe
Em vias de extinção
Que saltou
Para o pedaço de água,
Afluente do rio,
Que as mãos retiveram
Deixando que o caudal
Continuasse a sua incessante busca.

Os olhos já secaram,
Mas as mãos?
Que lugar!

São transparentes,
Cristalinas,

Guardiãs de bem quereres!

Os olhos estão já calmos,
Mas as mãos,
São viveiros!
E o rio?
Chegou ao destino,

O início

E ao renascer, ali,

Onde as mãos o esperavam

Vai banhar-se,
Sentir o frescor salgado do mar,

Todo a brisa marinha,

Qual beijo.
 
As mãos?

Abrir-se-ão em concha,

E formarão,
Rodeadas por ele,

O mais gracioso areal!

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publicado por Cris às 00:15 | link do post | comentar | ver comentários (17) | favorito

Sexta-feira, 3 de Julho de 2009

 

 

Vem a nostalgia que pousa, subtil, no colo. Olhar, emocionada, o percurso dum rio, daquelas duas margens que deixaram de ser paralelas. Não havia impossíveis para eles, por tão singulares serem.

Guardar na caixinha de biscoitos, a mais bonita história.

Sentir um odor doce, quando a abria.

Nela guardo os momentos deles, belíssimos, porque, sem mesmo saberem, sequer imaginarem, já estava a ser, em cada beijo por eles partilhado, concebida uma outra, [julgávamos], igual à deles.
………………

Fecha-se a caixa, aquela história única.

Talvez que se abra, um dia, quando não doer o plural em que nos tornámos, ou, ouso dizer, que sempre fomos.

 

 

 

 

 

Fotografia de © ioana petcu

 

 

 

Se nos tivéssemos navegado?
Se tivéssemos sido, em nós, viajantes?
Se houvéssemos dito que era tempo de outros oceanos,

de terras nunca antes visitadas?
Se tivéssemos sido a nossa escolha?
Se essa escolha tivesse o nosso nome?

Tanta pergunta!
Não queria devassar a letargia,
esse espaço que se dividiu,

que mudou,

que agora é:

o teu,

o meu.

Pensar que por momentos, estivemos tão perto,
Que semeámos desejos ao acaso
que se matizariam naturalmente...

Porque nos houvéramos prometido que seria assim.

Desnecessário o pousio.
A nada chamávamos “meu”.
A tudo chamávamos “nosso”,
Queríamos, como queríamos!
Fomos quimeras,
absorvemo-nos em gestos lentos,
demorados.
Acompanhámo-nos,

e,

ainda que só na [nossa] imaginação,
fomos:

Eu,
[e]
Tu,

 

Singulares!

 

 



publicado por Cris às 00:04 | link do post | comentar | ver comentários (6) | favorito





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